terça-feira, dezembro 19, 2006

Sentamo-nos numa mesa corrida e comprida. Somos muitos. Somos os do costume! Encetamos conversas circunstanciais sobre o tempo ou sobre como as crianças cresceram... encontramo-nos uma vez por ano. Porque sim. Porque temos as nossas vidas. Não nos conhecemos - essa é que é a verdade. Não nos conhecemos e insistimos nesta cruel tradição de conviver... É Natal!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

À porta. Esperava todos os dias que ele chegasse. Não subia nem tocava à campainha. Sabia que era ali que ele morava - tinha visto numa revista e a porta do prédio era exactamente aquela. As gravações podiam estender-se noite adentro, mas ela não desarmava - esperava. Apenas queria trocar um boa noite com aquele que ela considerava ser superior e inegualável.
Um ídolo ou uma forma de deixar de viver a sua própria vida?

terça-feira, dezembro 12, 2006

Não sei bem que horas eram. Talvez umas sete da manhã. Ouvi um ruído estranho e fiquei quieto debaixo das mantas à espera que passasse. Não queria vê-la assim. Provavelmente, caiu no corredor... Chegava cada vez mais tarde e mais embrigada. Cada dia mais só e mais triste. E ela era minha e eu não a queria abandonar. Mas também não a queria ter assim. Só me mandava calar e ir-me embora. Eu não ia. Não vou. Finjo, quase sempre, que estou a dormir quando ela abre a porta do meu quarto para verificar se ainda estou. Depois fecha-a com um estrondo enorme e vai-se embora. Todos os dias assim. Há 2 anos.
Quem aguentará mais?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Eu que fui viajar e não voltei... fiquei por lá.
Aconselhei-me, relativamente cedo, com os grandes viajantes e eles souberam indicar-me o caminho. É aconselhável fazer desvios e encontrar atalhos. É desnecessário planear. Pode, eventualmente, afeiçoar-se a um lugar, mas deve retringir esse afecto ao mínimo indispensável. Não tire fotografias. Guarde as imagens na memória e, se conseguir, escreva-as. Viva e e seja feliz!
Não tinha como regressar...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Sofro de um problema sobretudo geográfico. O lugar onde estou é sempre aquele do qual queria sentir saudades. Excepto em Londres. Sou das cidades. Dos carros. Dos prédios. Sou das pessoas que se vislumbram mas nunca se vêem; que se falam e nunca se tocam. Sabem que existem mas não sabem quem são. Sou da difusão...