sexta-feira, dezembro 16, 2005

Naqueles finais de tarde eu saía do emprego, descia a rua e passeava um bocado até ter vontade de ir para casa. Raramente ultrapassava os 15 minutos e ainda parava para beber um café na leitaria da esquina. Deliciava-me com o frenesim das senhoras de saco plástico numa mão e o passe na outra. Apreciava a última moda em mochilas que os miúdos do Liceu carregavam ou pontapeavam consoante a disposição com que saíam das aulas. Sentia-me nos bastidores de um mundo que não era o meu. Observava com atenção as pessoas, os edifícios e nunca me cansava. Cada pormenor era importante. Precisava da inspiração da rua para, mais tarde, me fechar no meu mundo e escrever, escrever sem parar. Conseguia ser a funcionária eficiente de dia e a escritora falhada de noite - uma vida dupla que mantive até te conhecer. Entraste de mansinho numa vida que estava organizada e, calmamente, fizeste uma revolução. A escritora falhada deixou de existir, não havia tempo para devaneios. A funcionária eficiente mantém-se: há contas para pagar! Ainda passeio nos finais de tarde. Um caminhar com destino, ir ao teu encontro e juntos seguirmos para a nossa casa. Não sei se ganhei com a mudança. Há dias sim e dias não. Mas são dias em que sinto que estou viva e que pertenço a qualquer coisa.

2 Comments:

Blogger António disse...

A vida em conjunto é assim:
Feita de momentos sim e momentos não. De risos e de lágrimas. De vontade e de desfalecimento. De desejo e de indiferença. De amor e de desamor. De calor e de frio.
De vigor e de fadiga. De preto e de branco. De beijos e de amuos.

Por falar em beijos:

Beijinhos para ti

1:54 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

É só beijinhos!!
vou-me deitar que daqui a pouco tenho k reavivar o meu blog..

Meat Loaf

4:59 da manhã  

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